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O primeiro episódio de intoxicação alcoólica pode ocorrer na adolescência. Na adolescência, o uso abusivo pode causar a destruição de neurônios e impedir a realização de sinapses, fundamentais a processos como o de aprendizagem.

É nessa fase que o cérebro tem mais condições fisiológicas de armazenar e de processar informações. De acordo com dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), pesquisa com estudantes de 1º e 2º Graus de 10 capitais brasileiras, 65% dos entrevistados afirmaram consumo de bebidas alcoólicas, dos quais 50% iniciaram o uso entre os 10 e 12 anos de idade.

Pesquisa envolvendo as 24 maiores cidades do Estado de São Paulo (cidades com mais de 200 mil habitantes) revelou que o uso na vida de álcool na faixa etária de 12 a 17 anos foi de 37,7% para o sexo masculino e 32,3% para o sexo feminino e o uso regular foi de 0,7% para o sexo masculino e de 1,9% par a o feminino. Na mesma faixa etária a prevalência de dependentes de álcool foi de 5,3% para o sexo masculino e de 2,5% para o sexo feminino.

Os gráficos 1 e 2 abaixo mostram as médias do início do consumo de álcool na adolescência e a relação da porcentagem de dependentes alcoólicos jovens no Brasil e nas 5 regiões brasileiras em 2001.

Gráfico 1


Gráfico 2 
Conforme apresentado na tabela 1, numa amostra de 28 indivíduos com limite de idade de 53 anos e com escolaridade a partir do ensino médio, em tratamento em ambiente protegido no Instituto Bairral de Psiquiatria por dependência de álcool, 25% (n = 7) iniciaram o uso de bebida alcoólica antes dos 15 anos e 46,42% (n = 13) iniciaram entre os 16 e 20 anos, totalizando 71,42% (n = 20) da amostra (n = 28) .

A alta taxa de prevalência do início do uso do álcool na adolescência, com evolução para a dependência, se assemelha com resultados obtidos por SONENREICH (1971) há mais de 30 anos, os quais apontaram que 15,3% (n = 32) de pacientes alcoolistas do sexo masculino internados iniciaram o uso do álcool na faixa etária de 11-15 anos e 56,2% (n = 122) entre 16-20 anos.

Ainda na tabela 1 pode ser observado também que na ocasião do tratamento em ambiente protegido, onde 50,0% (n = 14) estavam internados pela primeira vez e a outra metade da amostra já havia tido mais de uma internação na vida, 32,14% (n = 9) estavam na faixa etária de 31 a 40 anos e 60,71% (n = 17) na faixa etária de 41 a 53 anos. Considerando que 71,42% (n = 20) começaram a usar bebida alcoólica antes dos 20 anos, a evolução para configurar o quadro de alcoolismo compreendeu o período de 11 a 30 anos.

Do início do uso na adolescência até a fase de configuração do quadro de alcoolismo e o tratamento em ambiente protegido, provavelmente essas pessoas se defrontaram com sérios problemas na vida familiar, social, escolar e ocupacional. Como já apontado, embora o álcool possa ser considerado a droga de mais fácil acesso, em geral ele é o último a ocasionar problemas.
Variável
Categorias
n
%
Sexo
Masculino
21
(75,0)

Feminino
7
(25,0)
Estado Civil
Solteiro
6
(21,42)

Casado
15
(53,57)

Separado
17
(25,0)
Início do uso do álcool
< 15
7
(25,0)

16 a 20 anos
13
(46,42)

21    25 anos
5
(17,85)

>25 anos
3
(10,71)
Faixa Etária
<20 anos
0
(0,0)

21 a 30 anos
2
(7,14)

31 a 40 anos
9
(32,14)

41 a 53 anos
17
(60,71)
Ensino
Médio incompleto
2
(7,14)

Médio
17
(60,71)

Superior
9
(32,14)
Situação Profissional
Empregado
21
(75,0)

Desempregado
3
(10,71)

Do lar
1
(3,57)

Estudante
1
(3,57)

Aposentado
2
(7,14)
Religião
Católica
23
(82,14)

Evangélica
2
(7,14)

Outras
3
(10,71)
Internação Psiquiátrica
1ª internação
14
(50,0)

De 2 a 4
8
(28,57)

>4
6
(21,42)

Tabela 1 
As mulheres, em comparação com os homens, o álcool atinge maiores concentrações no sangue e é absorvido em maiores quantidades devido à proporção de gordura corpóreo maior e de menor quantidade de líquido corporal nas mulheres que nos homens. A prevalência de casos de alcoolismo entre garotas tem aumentado, bem como o envolvimento em acidentes de carro quando embriagadas. Isso significa que vem ocorrendo uma mudança de comportamento na última década: as garotas têm mais liberdade para freqüentar locais e eventos onde se consome bebida alcoólica antes mais restrito a adolescentes do sexo masculino, aprendendo, então, os mesmos comportamentos de consumo.

O gráfico 3 abaixo mostra o consumo semana de bebidas alcoólicas entre mulheres.
Grafico 3
O gráfico 4 mostra a porcentagem do consumo de álcool em várias situações,sendo a maior em ocasiões festivas.                                  
Gráfico 4


A média de consumo de álcool por habitante nas Américas (incluindo EUA e Canadá) ficou em 8,9 litros, significativamente acima da média mundial de 5,8 litros. Todos os países acusaram consumo significativo na forma de uso pesado de álcool (ingestão de 5 ou mais doses de álcool por ocasião para homens e 4 ou mais doses para mulheres). 

O gráfico 5 mostra o consumo de três tipos de bebidas alcoólicas relacionado a alguns países latino-americanos,além dos EUA e da França.



Gráfico 5

O uso de bebidas alcoólicas na América Latina é realidade bastante presente e fonte de atenção de especialistas e autoridades.Em termos gerais, há na América Latina uma carência de dados epidemiológicos integrados e de grande abrangência sobre o uso de bebidas alcoólicas pela população.
Critérios de quantidade de consumo de álcool e risco à saúde:
Uma dose de bebida alcoólica é definida como algo consistindo entr:e 10 a 12 gramas de etanol, que equivale a uma unidade de álcool puro. A quantidade de unidades de álcool é determinada pela concentração de álcool num volume de uma bebida.

Com base nesses valores foram identificados padrões de quantas unidades de álcool um adulto sadio poderia consumir semanalmente . Por exemplo, uma dose de aguardente - 50ml - com a concentração de álcool de 50%, conteria 25 gramas de álcool ou 2,5 unidades de álcool. Uma lata de cerveja de 350ml com concentração de 5% de álcool teria o equivalente a 17 gramas de álcool, aproximadamente 1,5 unidades de álcool. 

Assim, por esses padrões, que podemos denominar de critérios da quantidade de consumo, é possível determinar as unidades de álcool que um indivíduo vem consumindo. Na Tabela 2, são apresentadas as bebidas mais consumidas em nosso meio com as respectivas concentrações de álcool, gramas de álcool e unidades de álcool. Na Tabela 3, os padrões dos riscos à saúde pelo consumo de álcool.


Risco
Mulheres
Homens

Baixo
Menos de 14 unidades por semana
Menos de 21 unidade por semana
Moderado
15 a 35 unidades por semana
22 a 50 unidades por semana

Alto
Mais de 36 unidades por semana
Mais de 51 unidades por semana
Tabela 3